sábado, 6 de abril de 2013

Capitulo 7 - um susto é igual a um beijo.


Demi

A confusão do lado de fora do ônibus chegava a ser engraçada. Estavam todos gritando e eu cheguei a ver algumas pessoas chorando.
Eu estava sentada vendo toda aquela bagunça quando meu olhar passou por um homem e voltou no mesmo segundo.
A minha cara obviamente foi de espanto, e, pouco depois, minha cabeça estava girando.
Eu senti um par de mãos me segurando e levando para o outro lado do ônibus. Alguns minutos depois alguém me ofereceu um copo d’água.
- Você ta bem? – o Nick perguntou.
- To – eu respondi e tomei a água.
- O que aconteceu? – a Selena quis saber.
- Das duas uma – eu respondi – Ou eu vi alguém muito parecido, ou um fantasma.
- Do que você ta falando? – o Kevin pareceu assustado.
- Eu vi meu pai.
Depois de duas horas eu já tinha dito mais de vinte vezes que estava bem, e estava quase acreditando nisso, mas no fundo eu sabia que era mentira.
Falar do meu pai sempre me fazia chorar.
A casa onde morávamos ainda é minha, mas eu nunca tive coragem de ir lá mexer nas coisas dele. Na verdade nunca tive coragem de entrar naquela casa de novo. Não com o tanto de lembranças que me vinham à cabeça só de passar em frente a ela.
Ter a impressão de vê-lo de novo foi à melhor sensação que eu já tive, ate lembrar que ele estava morto. Daí passou a ser a pior.
Mas eu sabia fingir bem. Todos pareceram acreditar no que ouviam.
- Demi você ta bem? – a Selena perguntou.
- To. Entra nesse palco e arrasa.
Ela riu e subiu no palco. Era hora do show.
Alguns minutos depois o Joe passou por trás de mim e eu o chamei.
- Fala. – ele disse.
- Fica aqui comigo? – eu pedi – É chato assistir um show sozinha.
- Claro que fico.
Esse era o Joe. Sempre carinhoso e amigo. Ele foi o único que não tinha me perguntado se eu estava bem depois do que aconteceu mais cedo. Ele fez melhor. Simplesmente me abraçou e disse que se eu precisasse desabafar ele estava disposto a ouvir.
Nós já havíamos assistido boa parte do show, a Selena já estava cantando intuition, quando o Joe ficou me olhando, e eu me virei para ele.
- Lembra que você foi o meu primeiro beijo? – ele perguntou.
Eu lembrava muito bem do que ele estava falando. Antes de entrar no carro, quando estava indo para a casa do meu tio, depois que meu pai morreu, nós demos um selinho. Mas eu tinha cinco anos, e aquilo não foi um beijo. Pelo menos para mim.
- Eu não conto aquele selinho como um beijo. – eu disse rindo.
- Mas a gente pode mudar isso agora. – ele disse.
Eu o olhei nos olhos por um segundo, e ele me beijou.
Em um segundo – o mesmo em que os lábios dele encontraram os meus – eu definitivamente parei de respirar, e no outro, bem, eu simplesmente correspondi ao beijo.
Ele se afastou rápido demais e me olhou nos olhos.
- Desculpa. – ele disse – Acho que me empolguei.
- Não precisa se desculpar. – eu disse e o beijei.