Demi
A
confusão do lado de fora do ônibus chegava a ser engraçada. Estavam todos
gritando e eu cheguei a ver algumas pessoas chorando.
Eu
estava sentada vendo toda aquela bagunça quando meu olhar passou por um homem e
voltou no mesmo segundo.
A
minha cara obviamente foi de espanto, e, pouco depois, minha cabeça estava
girando.
Eu
senti um par de mãos me segurando e levando para o outro lado do ônibus. Alguns
minutos depois alguém me ofereceu um copo d’água.
-
Você ta bem? – o Nick perguntou.
-
To – eu respondi e tomei a água.
-
O que aconteceu? – a Selena quis saber.
-
Das duas uma – eu respondi – Ou eu vi alguém muito parecido, ou um fantasma.
-
Do que você ta falando? – o Kevin pareceu assustado.
-
Eu vi meu pai.
Depois
de duas horas eu já tinha dito mais de vinte vezes que estava bem, e estava
quase acreditando nisso, mas no fundo eu sabia que era mentira.
Falar
do meu pai sempre me fazia chorar.
A
casa onde morávamos ainda é minha, mas eu nunca tive coragem de ir lá mexer nas
coisas dele. Na verdade nunca tive coragem de entrar naquela casa de novo. Não
com o tanto de lembranças que me vinham à cabeça só de passar em frente a ela.
Ter
a impressão de vê-lo de novo foi à melhor sensação que eu já tive, ate lembrar
que ele estava morto. Daí passou a ser a pior.
Mas
eu sabia fingir bem. Todos pareceram acreditar no que ouviam.
-
Demi você ta bem? – a Selena perguntou.
-
To. Entra nesse palco e arrasa.
Ela
riu e subiu no palco. Era hora do show.
Alguns
minutos depois o Joe passou por trás de mim e eu o chamei.
- Fala.
– ele disse.
-
Fica aqui comigo? – eu pedi – É chato assistir um show sozinha.
-
Claro que fico.
Esse
era o Joe. Sempre carinhoso e amigo. Ele foi o único que não tinha me
perguntado se eu estava bem depois do que aconteceu mais cedo. Ele fez melhor.
Simplesmente me abraçou e disse que se eu precisasse desabafar ele estava
disposto a ouvir.
Nós
já havíamos assistido boa parte do show, a Selena já estava cantando intuition, quando o Joe ficou me olhando, e eu me virei para ele.
-
Lembra que você foi o meu primeiro beijo? – ele perguntou.
Eu
lembrava muito bem do que ele estava falando. Antes de entrar no carro, quando
estava indo para a casa do meu tio, depois que meu pai morreu, nós demos um
selinho. Mas eu tinha cinco anos, e aquilo não foi um beijo. Pelo menos para
mim.
-
Eu não conto aquele selinho como um beijo. – eu disse rindo.
-
Mas a gente pode mudar isso agora. – ele disse.
Eu
o olhei nos olhos por um segundo, e ele me beijou.
Em
um segundo – o mesmo em que os lábios dele encontraram os meus – eu
definitivamente parei de respirar, e no outro, bem, eu simplesmente correspondi
ao beijo.
Ele
se afastou rápido demais e me olhou nos olhos.
-
Desculpa. – ele disse – Acho que me empolguei.
-
Não precisa se desculpar. – eu disse e o beijei.
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